segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Boas novas!

   Deixe-me adivinhar: você não conseguiu acordar o Billy, certo? Haha. Esse cachorro já não tem o ânimo de antigamente. Mas e você? Ainda tem ânimo pra continuar ouvindo a minha pequena historinha? Onde eu parei?

   Ali estava o pequeno Joubert: sentado de um lado da escrivaninha ouvindo o discurso do homem sentado do outro lado. Ele não conseguia fazer mais nada, só ouvia e ouvia. Ele ouvia o Sr. Oliveira falar aquele discurso básico sobre notas escolares e respeito, mas não dizia nada. Não havia nada à ser dito. A Sra. Oliveira fingia que trabalhava, mas tenho quase certeza que ela analisava cada palavra que seu marido lançava sobre Joubert.
   Depois do discurso, só havia uma coisa que o pequeno Joubert tinha que fazer: anunciar as boas novas à sua nova namorada.
   A pequena Lara estava lá conversando com sua prima, ansiosa para saber a resposta do pai - mesmo sabendo lá no fundo qual era a resposta. Lá entra o pequeno Joubert pela porta da cozinha, ele não estava sorrindo, mas dava pra ver que ele estava feliz. O pequeno Joubert senta no sofá e assiste as duas conversarem. O novo namorado da Lara não quis anunciar a boa nova em alto e bom tom, só olhou pra ela e acenou, bem de leve, com a cabeça. Ela sorriu.
   A tarde termina e Joubert teve que ir embora. Não houve beijo de despedida, eles ainda estavam com vergonha e a prima da menina Lara ainda não sabia do namoro. Abraçaram-se e o pequeno Joubert foi pra casa. Chegando lá, ele recebe uma ligação: a menina Lara queria falar com ele.
   "Oi, namorado!", e o pequeno Joubert sorri.

   Ai, ai... Finalmente esses dois estão juntos, não é? Ah... Mas esse não é o final feliz, ainda está longe de ser um. Eles ainda vão passar por muita coisa juntos. Woah! Seu avô está com sono, pequeno. Por que você não vai falar com a sua avó um pouco? Só enquanto eu tiro um cochilo, tá bom?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Guerreiro e o Dragão.

   Bom dia, pequeno! Que ventos o trazem? Ah, sim... O café! Como pude me esquecer do café? A memória do teu vô já não é mais como antes... Bom, falando de memórias: não quer ouvir mais um pedacinho da minha pequena historinha? Trago notícias... 

  Boas novas para o menino Joubert! O pai da pequena Lara, o temido Sr. Oliveira, cedeu à ele a oportunidade de tentar convencê-lo à deixar os dois pequenos namorarem. Tudo isso por causa do coração bondoso da Sra. Oliveira, que disse ao seu marido que se ele proibisse o namoro talvez os pequenos decidissem namorar escondido, coisa que nenhum dos dois queriam. 
   Assim, o dia foi marcado: o aniversário da menina Lara. Afinal, não há presente de aniversário maior que o menino amado, correto? 
   Chegado o dia, o pequeno Joubert se arrumou ansioso, mas ainda assim nervoso, para falar com o Sr. Oliveira. Checou a roupa, checou o cabelo, releu a colinha que tinha escrito com tudo aquilo que ia falar e checou os presentes da menina Lara - e torceu para que eles não sobrassem para prêmio de consolação. Depois de revisar tudo, o pequeno e destemido Joubert pegou sua bicicleta e saiu rumo ao seu destino: o castelo do Rei. Sr. Oliveira I! 
   O Sr. Oliveira parecia um mafioso quando ele chegou lá - pelo menos na cabeça do Joubert. Na verdade, ele estava vestindo uma roupa casual, daquelas que se usa no dia à dia e estava sentado atrás de sua escrivaninha. Porém, na cabeça do Joubert, a cena se parecia com aquela primeira cena de O Poderoso Chefão, onde um homem pede ajuda ao seu padrinho, o mafioso Corleone, com direito à gato e tudo.
   O pobre Joubert parecia que havia visto a Dona Morte quando entrou na agência da Sra. Oliveira: tremia, suava frio e não sabia o que dizer. A Sra. Oliveira logo de cara notou o nervosismo do menino e mandou ele entrar para sala, onde a  pequena Lara disfarçava sua ansiedade conversando com uma de suas primas, para que ele descansasse e se preparasse para dar seu "discurso" que havia ensaiado a semana toda. Depois que tomou coragem, o destemido Joubert foi matar seu dragão imaginário e recuperar sua princesa.
   O menino Joubert sentou-se em frente ao Sr. Oliveira. A escrivaninha era a única coisa que os separavam. Os dedos de Joubert quase se quebravam, de tanto que o menino Joubert os apertava. O Sr. Oliveira lia o jornal. O silêncio reinava.
   O silêncio reinou até que o Sr. Oliveira - vulgo dragão imaginário do pobre Joubert - decidiu comentar sobre uma notícia que leu, desenrolando, assim, uma conversa que fugia totalmente do que o menino Joubert queria realmente falar. 
   A Sra. Oliveira, cansada da enrolação de seu marido, decidiu falar. Lembro-me de ela comentando sobre o pequeno Joubert ter vindo tratar sobre outros assuntos, interrompendo seu comentário sobre a notícia e o fazendo falar sobre o assunto tão temido até agora.
  "Então, Joubert...", começou o rei o seu discurso.

   O que você acha que vai acontecer com o menino Joubert, hein? Bom, isso a gente vê depois, porquê agora teu avô vai ler o jornal. Você poderia ir brincar um pouco no quintal, o que acha? Só tente não acordar o Billy, esse velho cachorro já não tem mais o pique de sua juventude.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Te gosto como amigo.

   Bom dia, meu neto! Pode se sentar que logo termino de organizar o café da manhã. Enquanto isso, você quer que eu conte mais de Joubert e Lara? Tudo bem, então. Onde estávamos mesmo? Ah sim!...

    Parece que posso ver os dois sentados lado a lado. Um deles, o garoto, olha para baixo enquanto trava uma luta entre deixar se dominar pelo medo ou pela coragem. A menina só faz ouvir, ao perceber a relutância do moço. Então, a voz dele enuncia o silêncio entre os dois e a surpresa sobre a garota. “Eu amo você, Lara”.
    De imediato Lara se surpreendeu e olhou para Joubert. E é interessante como o silêncio adora se manifestar nessas horas. As pessoas se assustam e só fazem pensar. É como se já houvesse barulho o suficiente na cabeça de cada um. Até que as ideias se organizem, não encontramos algo conveniente a dizer.
    Continuavam quietos. Ideias bagunçadas na mente da garota. Ela queria se declarar, dizer o quanto  esperou por aquele momento e que ela sabia que esse instante seria um dos melhores de sua vida! De fato o amor havia aberto um sorriso para Lara. Ela queria se jogar nos braços de Joubert e apenas ficar assim, junta dele. Mas ela só queria, somente pensava em tomar essa atitude. Enquanto Joubert ainda fitava o chão, Lara se manifestou: "Vai ficar meio complicado daqui para frente, sabe? Você me ama, mas eu te vejo como amigo...”.
     Por que ela disse isso? - você deve estar se perguntando. Eu não sei exatamente. Pode ser que isso se deveu ao medo do que seria feito depois disso... Se amariam em segredo? Iniciariam um namoro? Seus pais deixariam isso acontecer?... Talvez Lara precisasse de um tempo para pensar calmamente sobre isso. Ela queria cultivar um amor com Joubert, mas não esperava que isso acontecesse tão rápido... Então, achou que seria uma maneira de adiar as coisas, porém não pensou como seria para o garoto ouvir isso dela.
   Joubert continuou em silêncio e só fez acenar com a cabeça enquanto ainda olhava para o chão. Lara notou a decepção do amado... Colocou-se no lugar dele e não gostou do que havia feito. Uma súbita tristeza e arrependimento tomou conta da menina durante os próximos dias. Continuava conversando com Joubert normalmente como se aquele episódio não houvesse acontecido – o que ambas gostariam que fosse verdade...


   Pronto! Aqui está o café. Você pode ir chamar o vovô para vir comer com a gente, meu neto? Obrigada.

sábado, 14 de julho de 2012

A decisão.

   E então, pequeno, o filme estava bom? Acho que sua vó te cobriu de beijinhos, não é? Que tal eu te contar mais um pedacinho da minha historinha, uh? Faz tempo que você não ouve ela...

   O pequeno e preocupado Joubert ficou uns dias perdendo o sono pensando no que fazer: falaria com o pai da sua menina, ou iria deixar tudo isso passar e tentar de novo no futuro? Ele orou, pensou, orou mais um pouco, mas nada de uma resposta. Não me lembro ao exato quantos dias ele ficou assim, só me lembro que num dia ele tomou coragem e decidiu que ia falar com o temido Sr. Oliveira. Ele ama a menina Lara e ele quer ficar com ela, não importa quem entrasse na frente dele.
   Joubert decidiu falar primeiro com a Sra. Oliveira, avisar para ela que ele iria falar com o pai da menina Lara e, se possível, que ela o amansasse um pouco antes dele ir falar com ele, para prevenir futuros hematomas. 
   Estava indo tudo muito bem, até que no outro dia a menina Lara ligou para seu Joubert, avisando que seu pai não queria falar com ele. Ela contava que quando o velho ficou sabendo que aquele pirralhozinho queria pedir a mão da filha dele em namoro, ele ficou vermelho de raiva e começou a fazer aquele discurso básico que eles eram muito novos para essas coisas, e deixou claro que não iria permitir namoro nenhum entre os dois. O pobre Joubert ficou desgovernado com a notícia, mas a destemida Lara disse que ia continuar falando com o pai dela, e que ela para ele manter as esperanças. Nada estava acabado ainda.


   Coitado do pequeno Joubert, não? Ah, mas as notícias más estão por acabar! Isso eu te prometo. Bom, que tal irmos para a cama, não? A lua já está bem lá no alto, o que significa que é bem tarde. Vamos! Eu te ajudo à se arrumar.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Chá de ciúme e declaração.

    Que banho demorado, não? Só para garantir que ficaria cheiroso, suponho! Sente-se para jantar, meu neto. Se você quiser posso lhe contar um pouco mais da pequena grande historinha de amor. Está bem então! Bom...

     O ciúme é engraçado. Nós precisamos tanto de alguém que queremos que outro alguém seja nosso. Tem pessoas que se desesperam, ficam tristes e deprimidas quando não tem quem amam perto. Apesar de ser ciumenta e dengosa Lara não agia assim. "Amo Joubert. Inegavelmente eu o amo! E por isso ele é meu. Meu amado. Ainda que não queira ser, para mim será! Ainda que outras garotas tentem conquistá-lo - e talvez consigam - Joubert será meu. Ninguém o tirará de mim, nem adianta!" Pode ser desesperado ou ilusório, mas era assim que a garota amava.
     Para você entender melhor, Lara poderia ser daquelas rejeitadas que não admitem a dor ao amar. Ela ligaria para Joubert durante o dia para dizer "te amo!" e chamá-lo por apelidos carinhosos... Mesmo que ele respondesse "Lara?! Você de novo?!" ela não se importaria. Seria uma louca de amor, afinal o amor não é totalmente lúcido, concorda? Lara estaria disposta a viver imitando um sonho, apesar de que viver desfrutando um sonho era de fato o preferível.
     Acontece que havia algumas pedras na sapatilha de Lara: as amigas de Joubert. Como pode perceber, a garota era da mais ciumenta menina. O moço tinha várias "coleguinhas" - como Lara se referia à elas - e isso causava erupções temerosas de ciúmes vindas da alma dela. "Afinal, por que ele tinha que conhecê-las?". Lara acreditava que as outras meninas eram uma ameaça ao seu amor, mas só para ter certeza decidiu perguntar à Joubert.
     Sei que parece aquelas cenas clássicas de filme romântico onde o protagonista se vê em um dilema. A mocinha pergunta com um olhar de cólera "Vai! Escolhe! Ela ou eu?!", e diante disso o mocinho fica paralisado pensando em escolher a que for menos pior, porque mulher é algo complicado. Mulher ciumenta, então...
     "Joubert, você gosta de quem, hein?". Nesse momento o garoto abaixou a cabeça e fitou o chão. Lara podia vê-lo se ajoelhar pegar sua mão direita e declarar seu amor que tanto escondeu, mas na verdade o garoto disse nada. Ele estava pensando no que poderia falar - lembra-se do que eu disse sobre o filme? Os rapazes ficam sem ação nesses momentos. Então, ele disse que amava alguém que havia conhecido na internet. Logo, lá se foi a Lara citar os nomes de todas suas amiguinhas virtuais. "Fulana?", "Não", "Ciclaninha?", "Não", "Beltrana?", "Não"... Lara falou o nome de todas as amigas dele e Joubert negou amá-las...
     Nesse instante os olhos de Lara brilharam. Sentiu borboletas no estômago e uma incrível esperança. Não disse mais nada, pois quem falou foi Joubert: "É a Lara" - Silêncio - "Eu amo você, Lara..." O garoto disse essas palavras como se elas se derramassem lentamente de seus lábios e caíssem na quietude de espanto entre os dois. Soou tão doce e verdadeiro. A certeza do amor estava impressa no som de cada sílaba... Seu rosto parecia estar iluminado. Como se não estivesse escondendo mais nada, como se a sua mais pura verdade, o seu mais íntimo segredo houvesse sido descoberto. "Eu amo você, Lara".



    Joubert foi muito corajoso, você não acha? E sabe de que me lembrei agora, pequeno? Daquele seu filme que tem um personagem medroso... Vamos assistir? Quem chegar por último dá um beijinho no outro!

domingo, 24 de junho de 2012

O Dia Seguinte.

Aqui está teu sorvete, pequeno. Pelo que vejo, você brincou bastante hoje, está todo suado. Quando chegarmos em casa você irá direto para o banho. Enquanto não chegamos, eu vou te contar mais um pedacinho na história.

Eles haviam decidido deixar o beijo em segredo, seus pais já haviam sido bem liberais ao deixar os dois ficarem sozinhos mesmo sabendo que eles se amavam. Mas não era fácil manter um segredo desses. A frase "Vou contar!" passeava em seus cérebros, mas logo eles desistiam ao perceber os riscos que corria ao contar. Seus pais poderiam proibi-los de ficarem sozinhos de novo, ou poderiam proibi-los de se verem, ou coisa pior até! Esses riscos seriam gigantes, se não fossem apenas fruto do medo deles. O medo é um bom contador de histórias, sabe?
Foi a menina Lara que tomou a iniciativa de contar tudo à sua mãe, sua mãe estava ali do lado, trabalhando, e ela não aguentava segurar aquilo dentro dela. Joubert concordou de contar para sua mãe também... mas não agora. O medo ainda apavorava o pequeno grande Joubert, que era uma das pessoas mais medrosas que existiam. 
No fim da tarde, ele ligou para a menina Lara e, para sua surpresa, quem atendeu foi a Sra. Oliveira, a mãe dela. "Olá, Joubert!", atendeu ela com voz de quem está sorrindo, "Como vai?". Joubert engoliu a seco ao ouvir isso, será que ela já sabia do beijo? Devia saber, pois a pequena Lara não parecia estar blefando ao dizer que iria contar. “O-olá, Sra. Oliveira. E-eu vou muito bem, e a senhora?”, respondeu Joubert gaguejando de medo, até que, em um súbito momento, ele parou de gaguejar e começou a falar com um pouco mais de firmeza. “Acho que a senhora ficou sabendo do ocorrido de ontem. Bom, eu queria me desculpar com a senhora por aquilo, prometo que não vai acontecer novamente.”
A Sra. Oliveira parecia calma enquanto explicava para o pequeno com pinta de gente grande que os dois não estavam namorando e que não podia ficar se beijando por aí. Ela explicava para ele que os dois não eram namorados ainda, e que teriam que esperar até terem idade de ficarem juntos. Essa era uma notícia tão triste para ele, ele amava tanto a princesa Lara mas não podia ficar junto dela, o que poderia ser pior que isso?
Com essa notícia o menino Joubert foi dormir novamente sem esperanças, mais um dia se passou e novamente os dois eram apenas amigos.

Bom, até que enfim estamos em casa! Já não aguentava mais andar! Meus joelhos não são mais como antigamente, isso é fato. Mas você, pequeno, tem pernas boas, por isso vá correndo para o banheiro tomar banho, sua vó já está preparando o jantar.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Te gosto como amiga.

   Cansou de brincar, é? Sente aqui um pouco, meu neto. Seu avô foi buscar sorvete para nós... Quer mais da história? Onde estávamos mesmo? Ah, sim...

    O tempo passou. Calmo e alerta. Vigiava o casal que a cada dia mais estavam mais próximos, ao mesmo passo que Lara ficava mais confusa. Mas acontece que às vezes a gente tem que deixar a razão de lado e confiar no coração. Encarar seus sentimentos de perto e dizer “Ei! Eu aceito você”, afinal de contas sentir é bom. Amar pode ser muito bom. Bem, se você não fizer isso sozinho... E era disso que Lara tinha medo
    Não sabia o que Joubert sentia por ela exatamente. Ele demonstrava amá-la, mas não mostrava de fato. Logo Lara resolveu perguntar a ele. Poderia parecer desesperada, mas quem sabe seu amor era assim mesmo. Urgente. E então Joubert negou. "Gosto de você como amiga". E Lara mentiu "também gosto de você como amigo".
   Lara não falava a ninguém o quanto amava Joubert. Amava em segredo. Tanto que até ela tentava esconder de si mesma o quanto o garoto a encantava. "Quem sabe assim me conformo que ele não gosta de mim". Pensando isso ela novamente procurava se enganar, pois de alguma forma sabia que Joubert a amava. A verdade era que a garota não perdia uma oportunidade de fazer drama. Se divertia com isso. O porquê não me pergunte. Lara fazia essas cenas esperando o início da verdadeira história, a qual ela já estava convicta que aconteceria.  Está certo que ela não era lá essas coisas de menina e pensava às vezes que Joubert merecia alguém melhor mesmo. Mas ela sabia que se tivesse a chance de fazê-lo feliz como queria, ele não precisaria de outra. Lara não dizia nada para Joubert. Apenas pensava. Apenas torcia para que estivesse certa e que o garoto a viesse buscar para amar.

   Está começando a escurecer... É hora de irmos para casa, você não acha? Vem, vamos alcançar o vovô com os sorvetes, pequeno.